MISÉRIA NA ALMA
A selva densa que mora em meu ser
Oceano largo que me tolda a vista
São as algemas de um desgraçado viver
Morrendo em versos sem ter uma conquista
Ao mesmo tempo que me foi preciso
Vender meu pranto pra comprar a choça
Eu vi palácios a abrigar os risos
Do rico louco que de mim não gosta
O mesmo sol que me arranca as faces
As bagatelas de um suor imundo
Serve aos nobres nas manhãs suaves
Dourando-lhe o corpo nas praias do mundo
A mesma chuva que forma cascatas
Derramando brilho em seu jardim de inverno
Em minha choça é goteira farta
Inundando o leito deste meu inferno
Não tenho luz que me enalteça a glória
Sou alquebrado anjo sem destino
Quando eu morrer não deixarei estória
Pois nem de Deus eu recebi um mimo...!