Marcas da Violência
A dor alheia exposta
No ventre arrancado
Sangrento e esfarelado
Contamina-me vísceras
E me transborda
Como vírus social.
Uma dor estampada
Em olhos esbugalhados
De puras lágrimas ardentes
De bocas e sorrisos cadentes
Cintilando medo e tristeza
Em um mundo medíocre estridente
De preconceito varonil.
São fogueiras incendiantes
Em olhos céticos brilhantes
De mulheres ofegantes
Que se afogam tortuosas
Em poças mortas de sangue.
São mulheres que morrem
Desfalecem e sofrem
Mulheres violentadas
À beira do mundo esmoladas
Com cordas vocais apartadas
Afônicas e caladas
Pela impunidade moral.