Fantoches
Motivos que justifiquem porque não fui vê-lo,
tantos encontrei no arsenal de minha razão.
A dificuldade do momento em ir até você,
pessoas que me cercam e exigem atenção.
Motivos razoáveis, justos, confortáveis,
desfilam na passarela da lógica justificável.
Mas agora os afasto bruscamente
como fantoches inúteis e inconvenientes.
Desejo saber o verdadeiro, oculto, patrão
que secretamente comanda meus atos
e que abala a minha alma, covarde,
disfarçado de inocente num canto do coração.
Entro, sorrateira, corajosa, decidida,
num labirinto de confusas emoções,
e me perco na neblina morna, densa,
que ofusca a visão e abala as decisões.
Sento num canto frio daquele tormento,
preciso recuperar o fôlego e a sobriedade,
acalmar o desassossego da alma desnuda,
afinal, de que me serve a verdade?
Volto pisando sobre meus passos marcados
na poeira dos meus sonhos, sufocando meus ais.
Chego à luz do lado de fora de mim, resignada.
Respiro o silêncio dos segredos segregados
e olho os fantoches ainda a postos, serviçais.
Sorrio complacente. É eles, ou nada.
Lídia Sirena Vandresen