Vazio (Poema insone)
Afaga com os dedos o vazio
Que te abraça sem cerimônia
Sinta o sabor da peçonha
Adoçando teu martírio.
Beija os lábios calados
Deixa sorver os delírios
Das imagens do passado
Saibas que és o reflexo
Do que não é conhecido,
Tens do amor o seu reverso
Trazes o peito esmaecido.
Olhe a loucura silente
Na parede emoldurada
Será essa a estrada,
Para voltar a ser vivente?
O peito em desalinho
Revela toda a acrimônia
Sinta o sabor da peçonha
Pondo fim a teu martírio.
Rio de Janeiro, 30 de dezembro de 2011.