Cantei
Cantei à mão do vento, qual assume a rota
As notas da incerteza, bradantes avejões
Quais turvam a imagem do dia que brota
No luzir azulado dos negros salões.
Cantei às cores, efêmeras amantes,
As notas marrons dum velho vergel
Qual sáfaro arqueja da vida o revés
No seu burburinho, clamor ofegante.
Cantei à vida, algoz da esperança
Marulho perene a rilhar a bonança,
A insana lira da insensatez
Cantei ao fremir da fantasia,
Ao resquício de vida, à noite fria,
Ao belo, ao concreto e à embriaguez.
Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2011.