Cantei

Cantei à mão do vento, qual assume a rota

As notas da incerteza, bradantes avejões

Quais turvam a imagem do dia que brota

No luzir azulado dos negros salões.

Cantei às cores, efêmeras amantes,

As notas marrons dum velho vergel

Qual sáfaro arqueja da vida o revés

No seu burburinho, clamor ofegante.

Cantei à vida, algoz da esperança

Marulho perene a rilhar a bonança,

A insana lira da insensatez

Cantei ao fremir da fantasia,

Ao resquício de vida, à noite fria,

Ao belo, ao concreto e à embriaguez.

Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2011.

Well Calcagno
Enviado por Well Calcagno em 02/01/2012
Código do texto: T3418341
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