TIROS NA ESQUINA

madrugada, ano que finda e

um sabor de tumulto

tiros na esquina

em vaga luz remanescente

o filtro silencioso

do tempo

seu túnel de fugas e favas

acasos de temperança e fulgor

é o silêncio sem inocentes

manchetes na noite

NEWS

Globo divaga suas manchas negras

de fábulas fabricadas de benefícios

esquivo a espera e descuido

meu cordão de impedimentos

quase salva

estou crua de tempo

esquecida de outros vales de lágrimas

espumando espumante e uvas

amêndoas e dores

repenso meus manuais

e lembro na calçada os pés

ásperos

do mendigo

sua mandinga de salvação

ainda darei três voltas em um parque

deixarei que escorra outro ano

no centro da cidade as ruas desertas

a lamparina sem estrelas

nenhum movimento

ausência de interrogações

na noite que caminha

sexta sábado e seguinte

há lágrimas em teus olhos....

Jandira Zanchi
Enviado por Jandira Zanchi em 01/01/2012
Código do texto: T3417229