OS DEUSES CHORAM TODOS OS DIAS
Acho que quero tudo
Quero o amargo
Quero o azedo
Quero a revelação
Quero o segredo
Quero a multidão
Quero o degredo
Quero a coragem
Quero também o medo
Quero a ânsia do desespero
Assim como quero a calma entre os dedos.
Quero as partidas
Quero as chegadas
Quero as frívolas e reflexivas namoradas
Quero o libertar e quero também as amarras
Quero afago no rosto e o tapa na cara
Quero as inconstâncias das horas agora
Quero a solidez de todos os minutos do mês
Quero o ódio para me mostrar que muito pouco da vida eu sei.
Quero o amor para me abraçar em casa após chegar do trabalho depois das seis.
Quero também a poesia para deleitar com todas as coisas que nunca experimentei.
Quero tudo, mas cho que todos os dias os deuses choram e me ignoram.