O POEMA É A PALAVRA SEM MEDO

Num voou ao vento

a palavra vai

sem lenço e sem arrependimento

o poema não tem endereço

caminho ou direção.

Depois de lançada não tem volta

nem mais pertencimento

nela tudo cabe:

o possível

e o transcendente

o que não existe e o aparente

o dentro

e o distante

o amor sem medo

o enredo transverso

a receita

e o imprevisível.

Limita-se só à linha breve

com rima

ou desconexa

se atira ao vento

se insinua

e arruma pretexto

diz muito diretamente

e muito mais

na entreteletra, na entrelinha.

Entre o possível e a imaginação:

imprevisível

o poema não teme o ridículo

lança-se no abismo

no infinito

nas mentes

enfim a palavra quando perde o medo

tudo pode

vôo e abismo

provocca

declara

e declama-se eloquentemente

não sem conseqüências e desastres

lança-se do parapeito

no ar

para que quiser e puder tê-la