A Piedade passou por aqui




A piedade passou de manto
surrado velho e cinzento
arrojando p'lo meu canto
Há tanta alma ferida
faminta de mão amiga
quanta barriga dorida
quanta fome escondida
E calado sofrimento
falta de esperança e alento
tanto choro sufocado
há tanto pobre dobrado
sobre si neste momento
frio... que frio dentro
deste mundo desumano!
Por convenção muda o ano
mas a Piedade, quando?


(com gratidão porque senão... nem a Piedade teria aqui passado!)


Portugal
1/1/2007

* * *


IMPIEDOSAMENTE


Luiz Poeta ( sbacem-rj ) - Luiz Gilberto de Barros

Às 8 h e 24 min do dia 3 de janeiro de 2007 do Rio de Janeiro - Brasil

Primeiro poema do ano, especialmente para a sensibilidade dos meus amados irmãos 
Maria Petronilho



Glorificando a visão de um novo dia,

Algumas mãos se tocam fortes, aplaudindo

Um novo tempo... promissor...que alegria !

...Enquanto o tempo dos que sofrem, vai... fugindo.



Lacrimejantes, alguns olhos vão sorrindo,

Numa antítese de estranha... fantasia...

Mas outros olhos... tristes... sofrem, diluindo

Um riso tênue dentro da melancolia.



Alguns ritimam, em passadas competentes,

Um novo tempo onde o conforto não hospeda

Os olhos súplices dos pobres e indigentes



Que vão pisando solidões descompassadas

Enquanto o humor grotesco e vão ainda arremeda

A vida trôpega que dorme... nas calçadas.