EXPLOSÃO DE VERSOS LIVRES E BRANCOS

muito mais do que pensei

em que estrada deixo de ser anônimo?

onde mora o caminho da felicidade...

viajo no silêncio da dor mas há uma estrela

vida se reserva a me ofertar: luz

no centro do abismo tento regressar

interior - interior sonho - da quimera sonhada

como posso ter asas para pousar no chão sem avarias?

queria tanto sorrir um sorriso alegre

e penetrar fundo no universo da felicidade

(ao meu alcance pelos olhos e mãos e na distância breve do espaço)

mas... e a VIDA... o que é para o poeta?

estou do lado do sonho, e assim... não penetrarei na sua realidade!

(Alexandre Tambelli, São Paulo, 16 de julho de 2011 - 18:05h).

um anjo enviado por Deus!

pousou suas asas: Deus!

em um anjo enviado

na manhã de um tempo solitário

asas são para pousar

alevantam depois da vida se oferecer

o pouso é suave na entrada

assusta de tanto gozo n´alma

e de suspiros fortes do tímido crer

e eu sou - da dimensão do sonho -

chamado a ser pássaro

na noite há estrelas doídas e ávidas

por iluminar o sertão do homem

(na sombra)

de qual sabedoria um anjo se basta

para desembaçar a dor

e colorir em arco-íris a tempestade vazia?

o homem é um punhado de esperança

em meio ao mundo da bonita palavra

o homem é a pouca lágrima

de tantas já choradas antanho

a vida nos quer e o passado nos acompanha

triste! por que lhe abandonei e tenho medo de contar?

um anjo - de Deus enviado... - asas pousou

e me chama para encontrar a luz do sol!

(Alexandre Tambelli, São Paulo, 16 de julho de 2011 - 18:27h).

lírio-do-vale...

viu a floresta dos mananciais da vida

(alimento do poeta em seu mundo de quimeras)

a sede d´alma em torrente d´água saltou

para a lavagem purificante do passado

em um banho demoradamente puro

- na mais cristalina fonte da natureza -

descobre a alma branca como o lírio-do-vale...

e sorri o sorriso dos libertos...

(Alexandre Tambelli, São Paulo, 16 de julho de 2011 - 19:12h).

estação vida...

ouve o clamor desse deslumbrado

liberto das prisioneiras façanhas do sonho

e aceita o convite de dar ao seu mundo

a chance dele se encontrar com o toque

a vida é uma passageira: irmã da duplicidade

não só de sonho vive o poeta

mas de toda a palavra que se torna: realidade

entende a fortaleza do contínuo

a impenetrabilidade do ausente

no que se dá em comunhão com o outro

na fome se abdica do justo

em prol do verso e da (poesia)

no alimento vivo se aceita o calor dos braços

e a viagem

pelos quatro olhos

a avoar espaços-estrelas...

e ele quer sustentar este tempo: em prática de atrito

em pelos que se eriçam em mãos que não se soltam...

o ser: andarilho do sonho - cruzou seus dois limites -

e a estação desembarque oferece a VIDA!

(Alexandre Tambelli, São Paulo, 16 de julho de 2011 - 19:34h).

gol da vitória...

alimentado da vontade concreta de ser...

a dois passos da vida

o poeta acorda...

...e o sol de primavera colore o jardim opaco

as cores florescem no meio do verde

...e o casal de borboletas com asas multicores

pousa na ponta direita do seu peito:

expressam - em rodopios - a felicidade!

...e o coração pula p´ra fora na ânsia do beijo deflorado

em fragrâncias de alegrias e risos

a manhã se abre p´ro florido passeio

dessas alegrias e risos

no rosto puro o novo homem

que a semelhança de um menino

com uma bola

avidamente quer ganhar o mundo

a correr correr correr

em busca do gol da vitória...

(Alexandre Tambelli, São Paulo, 16 de julho de 2011 - 22:25h).

eu sou quem faz...

eu precisei alimentar a solidão

em busca da vida

entender a lágrima do ausente

como fortificante d´alma

e maná do amanhecer de um novo dia

a semente do novo brotará

(sem ser preciso retornar ao passado)

em um novo ambiente:

inalcançado no até ontem

eu sou quem faz minha estrada ser de luz!

eu sou quem sou porque aceito ser quem sou!

meu caminho não brota se viver da quimera

porque a existência é mais do que a vontade!

e assim... eu vou em meu novo céu de alabastro

na poeira do mármore do chão batido

arrastando as sandálias nos meus pés

sem asas para cair

nem luas para me esconder da tempestade real...

sou feliz e ninguém me tira

a vontade de entregar-me

aos perigos desta vida!...

(Alexandre Tambelli, São Paulo, 16 de julho de 2011 - 22:54h).

não sou mais o poema...

a labareda de fogo

queimando a ausência

no precipício de uma noite

acordar sem a veste de poema

em uma terra de grãos e arreia e água e sol e flores e cheiros e vida...

eu renasci das cinzas...

não sou mais um pássaro

a voar nas metáforas...

versos se transformaram em objetos palpáveis...

e as minhas quimeras não deram mais voz ao poema...

eu faço da minha existência

o apalpar do concreto

na noite mais lúcida

em minha nova existência...

(Alexandre Tambelli, São Paulo, 16 de julho de 2011 - 23:08h).

observando uma mulher:

quem é você?

qual a identidade secreta dos seus olhos?

qual o poder a emanar do seu riso

a me pensar do seu lado sem sequer você imaginar?

quem lhe deu esse senso de humor tão incrível?

Deus quando lhe aproximou do meu viver

e me fez sentir uma intensa necessidade de querê-la

o fez por quê?

quem pode conter esta vontade? este meu estado de emoção pura?

a vida - enigma mais surpreendente - a vida

meu coração nunca se viu alterado assim...

eu não sei explicar o que não se explica...

eu só sei entender das coisas lá da alma...

e a vida me joga para fora de mim... abruptamente...

a vida - um segredo que pouco sei contar - a vida

o dia a manhã o sol as flores os pássaros o vento: e suas cores...

eu e a vida... uma comitiva de novos atores no palco do concreto

no espetáculo: os cheiros as visões concretas as vozes os toques

e a poesia desenhada nos olhos e não mais das palavras...

(Alexandre Tambelli, São Paulo, 16 de julho de 2011 - 23:34h).

do pó ao cheiro...

qual a noite que acordou dia em mim?

eu a percebi do desassossego de ser solidão!

eu juntei o pó da estrada e vi uma montanha

(escondeu o mundo a minha frente)

mas consegui um salto no escuro!

no pó aspirei a alergia máxima

e num espirro gigante me atravessei ao dia!

hoje na minha estrada de sol

o corpo também pede passagem...

e eu me vejo na vida

e aprendo como é bom:

o cheiro de uma mulher!...

(Alexandre Tambelli, São Paulo, 17 de julho de 2011 - 10:03h).

à beira do mar...

eliminei o silêncio de outrora

e canto sem mais tergiversar

nos meandros do rio d´alma...

naquela paisagem estreita

e quase sem saída

arrisquei um navegar extremo...

entre tubarões piranhas arraias estrelas do mar

nadei nadei nadei em braçadas demoradas!

arrisquei a vida dar: seu cabo

mas a Coragem jamais acreditada

se soergueu da mais profunda das profundezas

como um segredo guardado a sete chaves

rompeu numa avalanche tão absurda

que quebrou os cadeados e as chaves do baú

explodindo a vida!

à beira do mar fui arremessado

em um dia de sol intenso

e meu corpo se queimou de luz!

atingi a realidade e caminhei

até a rua mais próxima

encontrando os sinais concretos

da existência de corpos que se tocam

se cheiram se abraçam e vivem

em meio a paisagem construída

por sujeitos que são reais...

e desde agora eu sou mais um caminheiro da VIDA!

(Alexandre Tambelli, São Paulo, 17 de julho de 2011 - 10:18h).

em busca da felicidade completa...

quem me seguirá ao sol da vida?

ávido... sou caminheiro que quer o novo!

na mais plena ingenuidade de um novato

sigo a realidade em direção da felicidade

medos temores são coisas da minha imaginação!

a vida é para quem arrisca se molhar

em um banho profundo de/a existência!

e eu me vejo sem máscaras nem espelhos...

apenas o transeunte que olha atônito:

a beleza do mundo criado por Deus!...

e infinitamente alegre eu rio da alma

apontada para os pés onde caminharemos

de mãos dadas com o asfalto

e as vivências sociais e humanas

de todos esses

que são felizes:

por

completo!

(Alexandre Tambelli, São Paulo, 17 de julho de 2011 - 10:31h).

leva-me a vida...

desde agora a realidade se consolida

e meu verso vira o sopro da vida!

como se nascesse hoje no chão eu me vejo...

passos tímidos da criança que cai

em tombos vou me levantando

no sol da realidade

na lua de uma praia...

o enfeixado corpo de mundo interior

se abstrai da existência louca

e se conforta da areia...

o cálice sagrado se benze de concreto

e a alma descansa humildemente

dos sonhos longínquos da poesia dos poetas...

entendo a vida e a sua jornada

e alienando os pensamentos metafóricos

substituo o poema pela prática...

e me vejo atônito... surpreso com o quanto é bom

se deixar levar pela VIDA!

(Alexandre Tambelli, São Paulo, 17 de julho de 2011 - 10:43h).

poema da vida...

certa manhã: na vida acordei!

sabendo pouco o que seria viver...

estar vivo tornava-se a lembrança remota

do menino e seus brinquedos de sol!

(a faculdade do tempo

propôs o universo interior

aquele: muito maior do que o infinito concreto...

e eu ali refém: da imaginação e do sonho...)

o tempo viravoltando ao início

virgem me faz...

sou alguém sem final... no início da estrada branca...

vou em qual direção sem que aconteça de me perder na cidade da quimera?

vou... sozinho... inexperiente mas concreto... a mercê dos sinais:

a apontar onde a VIDA me materializa em plenitude e toque...

a ilusão do mundo é grande se nossa luz se desenha perdida

em uma estrada interminável mas sem espaço p´r´as pernas...

estou fora de mim...

sou a matéria exposta à VIDA!

em que sol vou me queimar? não sei ainda...

há liberdade...

e as coisas olham para mim...

e as coisas... me chamam... me pedem: toque-nos!

a vida: essa passageira - de pequena estadia - faz-me acordar

na terra dos grãos de areia e do muito pó p´ra se respirar

p´ro acúmulo dos passos em direção da felicidade completa!...

(Alexandre Tambelli, São Paulo, 23 de julho de 2011 - 11:42h).