AS MUITAS NOITES

De novo, eu às voltas com a noite – insônia!

Já escrevi que a noite não dorme, também

Já escrevi que ela dorme – ambos, certos!

A noite pode dormir ou pode ficar acordada,

Mas não é insônia, está em sua natureza mesma,

Conforme exigem as circunstâncias , as tarefas!

Dizem que a noite é apenas sombra...Absurdo!

A noite não é um Manto Negro, peça única e indivisível!

Existem várias noites – cada local tem sua noite:

Existe a noite aqui do meu quarto, existe a noite lá da rua,

E a barulhenta noite de um clube noturno, a noite hospitalar,...

Existem as noites preguiçosas, as noites agitadas, as nervosas,...

A noite que me faz companhia hoje, está muito silenciosa,

Mas não está com sono nem preguiçosa – muito pensativa,

Um silêncio de monge budista e, engraçado - em uníssono

Todas as noites de hoje - silêncio geral e pensativo!

Em respeito a esta amiga que muito já me ouviu calada,

Fico quieto, não falo nada, mas este silêncio na madrugada

Pesa uma tonelada! Silêncio, solidão! Fico apreensivo,...!

Lembro-me daquela que tem me livrado do vazio, do nada;

Minha companheira, que se entrega a mim como uma gueixa

Para ser usada, amada – a poesia! Essa dama da sabedoria,

Das alegorias tem sido minha companhia – nunca me deixa!

Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 29/12/2011
Código do texto: T3411570
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