CHUVA

Complexo físico, pura ciência,
Equilíbrio que harmoniza o viver,
Avó da vida, mãe da mãe natureza.

É poesia, inspiração de poemas de amor,
É saga tristonha quando se ausenta,
Desgraça quando em exagero teimoso.

Efêmera qual paixão de carnaval,
Quando em aguaceiros de verão,
Ou renitente, fartando a preguiça,
Na teimosia fria das invernadas.

É saudade, quando faz exalar da terra,
Cheiro dos tempos entranhados na memória,
Sensualidade, desejos e fantasias,
Quando encharca um corpo em transparência.

Espanto, quando chega de surpresa na tarde,
Criando frenesi na busca por teto que a evite,
Ou aconchego de cantigas para fazer dormir,
Reinando nos domingos de preguiça e sossego.

A chuva é lira, poemas caídos dos céus,
Que rega a inspiração e forja tantos temas,
Do lirismo contido no seu cair em acalanto,
Das dores que carrega quando em tempestade,
Ou simplesmente na agonia da sua ausência.



Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 28/12/2011
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