A “BELA” ADORMECIDA

Pensara que havia casado com uma princesa encantada,

No mínimo com uma beldade de cinema;

Certa noite ao acordar de madrugada,

Percebi o teor do meu dilema.

Aquela que até esse momento considerei bela

Um ser humano fonte de toda formosura

Na verdade era banguela e ao dormir colocava num copo a dentadura.

Você precisa ver que coisa mais deprimente

Em plena madrugada ver um copo rindo pra gente.

O lindo cabelo louro que lhe batia à nuca,

Levei o maior susto ao vê-la pendurada na cabeceira da cama

Eram cabelos naturais sim, mas não os dela; era uma peruca.

O cabelo da minha amada era curtíssimo mais parecia uma escama.

É isso mesmo que você ouviu! O cabelo dela é igual escama de peixe

Nada entra no surequinho dela a não ser luz em forma de feixe.

Os olhos lindos da princesa, verdes iguais aos olhos de um gato

Que me deixava por ela totalmente fascinado

Na verdade eram belos efeitos de um par de lentes de contato

Agora eles estavam ali, jogadas num pequeno criado-mudo,

Observando-me com aquele olhar de que viu tudo.

O bumbum empinado e peitos durinhos tudo fruto de roupas para deixar um corpo escultural,

Livres de tais prisões as gordurinhas e muxibas agora respiram com total liberdade.

Meu Pai do Céu! Parece que estou num mundo sobrenatural!

Apesar dos meus olhos verem a mais pura e horrenda realidade

Se eu estivesse de olhos fechados juraria que estava sofrendo um terrível pesadelo,

Como estava de olhos abertos, consciente, presenciando tal cena de arrepiar qualquer cabelo...

Nuvens pareciam trovejar em meu quarto. Era o ronco dela, havia assim reconhecido.

Cutuco-a, faz-se um silêncio. De repente escuto um forte estampido

Acompanhado de um cheiro fétido incomum

Não é que mesmo nos braços do Morfeu, o ser adormecido

Havia soltado um encarniçado e impregnado pum!

Às minhas narinas chegam esses gases que parecem ser letais

E por alguns minutos, quiçá horas, tiraram-me do mundo dos mortais.

Depois que voltei a mim fiquei assustado pra chuchu

Aquela que me amava beijou-me com um hálito podre e cru

Deixei de ser um príncipe e sai voando, porque em vez de sapo, acabei virando urubu.

O FILHO DA POETISA

Filho da Poetisa
Enviado por Filho da Poetisa em 28/12/2011
Código do texto: T3410007