Elegia
Vejo a fachada dos prédios,
A sujeira das calçadas,
A lata de refrigerante na
Mão do balconista da farmácia,
Os automóveis coloridos, um
Bar, uma igreja.
Caminho a esmo, não
Me sentindo seguro.
Meu amigo está morrendo,
Mas não como a maioria
De nós, no sentido budista, não,
Ele tem câncer no fígado.
Às vezes ele levanta
Da cama e olha pela janela
E tudo o que vê é a fachada
Do prédio em frente.
O que haverá para fazer
Quando o meu amigo for embora?
Certamente tudo poderá ser
Feito,
Porém,
Aquela garota que cantamos
Em meio às cervejas
E risadas, quando éramos
Dois bêbados rompendo
A madrugada,
Isto não poderá se refeito.
Nem tampouco o dia no
Qual nos conhecemos e
Houve aquele aperto de
Mão formal.
A primeira bebida, o primeiro
Emprego, a primeira garota,
O primeiro livro que realmente dizia algo,
Isto não poderá ser refeito.
Como um César
Eu gostaria de conquistar
A morte
E poder trazê-lo de volta
Quando ele for embora.
Todo o lirismo, toda
A poesia, o conceito do absoluto,
E um pedaço de carne defeituoso lhe
Levará daqui.
Um drinque senhora
Morte, um drinque.
Hoje não beberei com
O meu amigo.
Você entrou no mundo
Com um roído de dor
Não parece estranho que
Você o deixe com
O mesmo som.
E Sua cara continuará
Nas fotografias,
E os natais continuarão
Ocorrendo normalmente
E um cão que ainda
Nem nasceu
Andará de lá para cá
Sem notar a sua ausência