O Príncipe das Histórias Alheias

Um Príncipe.

Calça de veludo preto.

Camisa alva brocada.

Sapatos,

meias e cueca branca.

Um Príncipe.

Pronto para romances.

Preferia o Céu.

De déu em déu, deus.

E a vida se descortinava

à sua frente

para o teatro

e as peças que seguiriam.

E tudo,

tudo era questão de escolha.

Uns finais felizes,

outros medíocres

e aqueles sem impacto algum.

Preferiu

o de chave de ouro

para fechar bem trancado.

Era nobre, Príncipe,

pois corria o ano de mil novecentos e setenta e nove

e os que vieram depois.

O Príncipe das histórias alheias,

Alhures.

L.L. Bcena, 27/08/2011

POEMA 526 - CADERNO: POEMAS AZUIS*

*Dedicado ao meu filho, Phill.

AZUL

Uma vanessa tropical travou na campânula

de uma ipoméia

o vôo oscilatório e helicoidal.

Dobra o quimono de franjas sinuosas,

marchetado e hachureado

com minérios de cobre:

aréolas, anéis, jóias concêntricas,

olhos de íris elétrica e de pupila enorme,

ocelos de um leque de pavão.

Sinto o perfume da flor nova,

com mais dois estames, buliçosos,

e quatro pétalas, de um esmalte raro,

molhadas nas tintas de céus fundos,

e cromadas com faiança das lagoas...

João Guimarães Rosa – in: MAGMA

PS- Phill,

observe que no corpo do poema não aparece o vocábulo 'AZUL', mas o poeta nos arremete a variedade de substantivos azuis e daí o título do texto (coisas de poetas, sobretudo do grande J.G.R).

Leonardo Lisbôa.

Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 27/12/2011
Código do texto: T3408683
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.