ESQUISITICES DE MENINO DESAPRENDENDO DE NINAR BEIJA-FLOR.

Tenho de pensamento esse jeito de vidro quebrado. De espantos, feito assim. Ai, miséria daqueles que nunca se trincam. Nem por fora, quiçá... Absurdo esse dos que não brincam de criança desenvelhecida. Verde sou, feito pelo de mandruvá. Madurez esqueci. Portas fechadas, não sei. Depressa mas sem pressa, lesma vou. E vivo aqui dentro. Mesmo. Sem quê. De qualquer jeito espio a cor desse vento que pinga. Outro dia mesmo esqueci de chover. Do choro sei apenas um pingo, gotinha de quase nada. Menino criança bicho do mato pereba, piolho boi gordo, de tudo me espantei. E das contas de vidro, que perdi as contas. Lambari na fisga. O rio chorou. Rio das lágrimas. Um mar, talvez. E eu nem...

(para Manoel de Barros, que aos 95 anos lança livro novo)...

E tem mais:

Quem não gosta de Manoel de Barros também não gosta de árvores nem de passarinhos nem de líquens tampouco lodo e também não sabe chupar um poema feito manga madura no pé.

José de Castro
Enviado por José de Castro em 27/12/2011
Reeditado em 27/12/2011
Código do texto: T3408343
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.