[Ah, se Elas...]
Feito um jogador viciado em perder,
eu andei doido na vida, muito doido,
e pela estrada afora, eu vendi barato
as ilusões todas, todas...
Mas, outro dia, eu acordei,
e pensei que o tempo bem pode ser circular,
quem sabe se voltando, eu novamente...
Vi o absurdo, mas exclamei num hausto —
ah, se eu visse a "Vilma";
ah, se eu visse a "Sonia",
ah, se eu visse a "Maria Helena";
ah, se eu visse a "Clara";
ah, se eu visse a "Ana Lucia";
ah, se eu visse a "Vera Ligia";
ah, se eu visse a "Elsie";
ah, se eu visse a "Claudete",
ah, se eu visse a "Luciana";
ah, se eu visse a "Regina Lucia";
ah, se eu visse a "Raquel";
ah, se eu visse a "Tahis";
ah, se eu visse a "Cíntia";
ah, se eu visse a "Patrícia";
ah, se eu visse a "Elisa"...
Ah, se eu visse todas elas, todas,
e mais aquelas de que não me lembro mais...
Ah, eu pousaria novamente os meus lábios
nos lábios delas, e pensaria que vida minha
não passou, ou então, se passou,
de todas elas, nenhuma mágoa ficou...
Ah, todas elas fizeram brilhar os instantes,
por elas, valeu ter vivido tudo que vivi!
Ah, se... ah, se... Um outro hausto desses,
e vou me matar de tanta autopiedade!
[A síntese real destas palavras todas:
no amor, eu assumo, fui um perdedor!]
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[Desterro, 24 de dezembro de 2011]