PALAVRAS
De palavras em palavras,
Vou morrendo a cada linha.
Impregnado de tédio e do nada,
Pari uma cidade!
Mas não pari o poeta.
__ há certas obras incompreensíveis!
De palavras em palavras...
Construiu-se o homem,
Libertaram-se os deuses
E teve o verbo,
Como quem tem há carne:
Sangue!
De palavras em palavras
Vou morrendo a cada linha.
E serão palavras soltas que te alcançarão,
Não meus olhos, minhas mãos, minhas pernas,
Não!
Há em meu corpo palavras de perdas,
E uma agonia por faltarem palavras de fé.
Ascendi a palavras de homens universais,
Tornei-me mas, minha cidade.
Oh, palavras que não sei onde busco?
Dizei-me teu nome!
Como guiar o verbo?
E não deixar as palavras no abandono!
De palavras em palavras não se faz poema,
Nem poetas...
Criam-se homens!
De palavras em palavras,
Vou morrendo a cada linha!