Distancia perversa
No arranhar dos ossos entrelaçados
Faz dificultosa a respiração
Tamanha é a saudade
Que escraviza a sensibilidade do desejo
Transformando a ausência numa eternidade.
Ao som da lembrança escorre o passado
Num riacho raso e curtinho
Carregando os pensamentos vividos
Chorando os não conseguidos
E buscando ainda o desconhecido.
A solidão defuma a alma
Com uma fumaça pesada e poluída
Tira o mau cheiro das feridas
Entretanto conserva a dor
Transformando o individuo em sofredor.
A distancia coroe o sentimento
Como uma maresia ao bater no ferro
Fazendo sumir aos pouquinhos
Consumindo o real
E transformando em algo imaterial.
Algo que não conseguimos alcançar com os olhos
Porém o coração transforma numa imagem
Não nítido para os sentidos,
Mas intocável para a situação
Quão grande é a falta que crucifica esse coração.