POEMA DIÁRIO

Um dia desses,

dilacerei minha consciência,

rasguei-a toda, em múltiplos pedaços,

em pequeníssimos pedaços cor de sangue.

E joguei-os dentro do meu coração!

Um dia desses,

ultrajei todo o meu corpo,

chaguei-o em grandes feridas vermelhas,

carne viva, sangue transbordante,

vida agonizante em grandes pedaços de pecado.

E joguei-os dentro do meu coração!

Um dia desses,

sufoquei o meu sentimento de amor e ódio,

afoguei-o em águas bem profundas, de lagos lamacentos,

triturei os meu pensamentos em grandes moinhos de longos e afiados

dentes,

transformando-os em minúsculos pedaços de idéias rotas e fétidas.

E joguei-os dentro do meu coração!

Um dia desses,

quebrei a minha rede de relacionamentos perniciosos,

desencantei bruxos e bruxas que perturbavam a minha pobre psique,

rolando, escada abaixo, os meus terríveis fantasmas que povoavam as

minhas noites

de infância, mocidade e vida adulta, morna e sem sentido.

Aterrei-os, junto com torrões de terra roxa travestida de pequenos

grãos.

E joguei-os dentro do meu coração!

Um dia desses,

encontrei Jesus na rua,

e entreguei-Lhe todos os pedaços que estavam dentro do meu co-

ração.

Ele os recebeu com grande misericórdia,

juntou-os, um a um, e soprou no mais profundo do meu ser o seu

amor e a sua piedade,

ordenou tudo em uma linda oração, mesmo uma canção, afável e doce

E jogou-os dentro do meu novo coração!

odlino oinotis
Enviado por odlino oinotis em 20/12/2011
Reeditado em 20/12/2011
Código do texto: T3398088
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