Já era tarde

Pela janela eu vi a tempestade

Como corria, tocava nas folhas

Deixando-as no cio

Da magia.

Já era tarde

Ouvi os pingos da chuva

Em forma de gelo

Rolando na rua

Branco como um verme

Surfavam na enxurrada

Desse inverno, procurem meu terno.

Já era tarde

As folhas tremiam

E o vento soprava fatias de frio

Sentindo um vazio

Elas se abraçavam

Apenas pela metade

Quebrando toda timidez

Da intimidade.

Já era tarde

O inverno passou

E o verão chegou

Tão logo o sol apareceu

Fez uma visita beijou todas as folhas

Não fez nenhum alerta

Pois já não se via inverno

Uma morte tão certa

Sem agasalho,

Num galho.

Já era tarde

Ouvi o cantar do periquito

Queixando-se do sol

Que não conhecia chuva

Entendi o seu grito.

Hoje,

Nem árvores, nem folhas, nem pássaros

Somente a gente

Temente.

Desmataram a terra, desmataram a mente,

Se é essa ou aquela, indiferente

Mas quando abri minha janela

Já era tarde.

Francisco Assis silva é Bombeiro Militar

Email: assislike@hotmail.com

maninhu
Enviado por maninhu em 20/12/2011
Código do texto: T3397840
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