Sacrifício

Ave posta na pedra

O leque do par de asas

Acima, o brilho da lâmina

E do carrasco a ameaça

Erguidos os braços

O nó das mãos promete

Firme no ar a exatidão do golpe

Em marcha o gesto fatal

Estremecem as asinhas inocentes

Da boca de um anjo os alvíssimos dentes

À aproximação do fio cortante

O Universo tem presa a respiração àquele instante

Cai da justiça eterna a venda

Contorcem-se sob a areia os esqueletos

Daqueles que foram viventes

Animais ferozes desconfiam

Nas selvas se embrenham

Sob as penas ton sur ton de uma elegia marrom

Protegem-se as rolinhas

A espada agora rente, iminente

Decepadas as asas

Rolam

Caem no batente

Há nos céus um clamor diferente

Sofrem montanhas

Murmuram de dor os rios entre as águas das correntes

Cachoeiras choram véus

Dias a fio

Separadas as partes ensanguentadas da pomba divina

Cumprem da Humanidade a sina

Espera do alto um sinal novo

Humílimo

Temente povo

taniameneses
Enviado por taniameneses em 19/12/2011
Reeditado em 19/12/2011
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