Arte
No instante exato
Do clímax da peça teatral
Da primeira fila levanta-se o espectador
E no peito do ator
Dispara tiro fatal
Tomba o intérprete
Torna-se a cena real
Ali mesmo, não fosse a finesse
Da maior parte daquele pessoal
O autor do crime seria linchado
Julgado incontinenti um ser anormal
Veio a polícia e o levou
Flagrante delito
Não se afastara do local
Não apresentou resistência
Deixou-se algemar
Caracterizou-se o crime passional
Chegou o dia do julgamento
Afinal
Réu tranquilo
Face angelical
O paradoxo da vida
Julgamento implacável
Juiz racional
Condenado o réu
A plebe rude e ignara
Aplaudia, delirava
Inconsequente... marginal...
Outro juiz, ao saber daquele caso
Lamentou o seu final
Era um juiz e literato
Da peça conhecia cada ato
E em seu coração ele sentia
Que do gesto impensado
Não o autor o verdadeiro culpado
Mas o ator
Por haver na arte exagerado
Moveu aquele pobre coitado
Àquele ato de coragem
E, em sua mente, algo aconteceu
Conforme a psicologia
Não um homem havia assassinado
Mas um maldito personagem
***
ESTOU TOTALMENTE DISPONÍVEL A REDIRECIONAR O TEXTO CASO TENHA DITO ALGO QUE NÃO FAÇA SENTIDO DIANTE DA LEI.