Arte

No instante exato

Do clímax da peça teatral

Da primeira fila levanta-se o espectador

E no peito do ator

Dispara tiro fatal

Tomba o intérprete

Torna-se a cena real

Ali mesmo, não fosse a finesse

Da maior parte daquele pessoal

O autor do crime seria linchado

Julgado incontinenti um ser anormal

Veio a polícia e o levou

Flagrante delito

Não se afastara do local

Não apresentou resistência

Deixou-se algemar

Caracterizou-se o crime passional

Chegou o dia do julgamento

Afinal

Réu tranquilo

Face angelical

O paradoxo da vida

Julgamento implacável

Juiz racional

Condenado o réu

A plebe rude e ignara

Aplaudia, delirava

Inconsequente... marginal...

Outro juiz, ao saber daquele caso

Lamentou o seu final

Era um juiz e literato

Da peça conhecia cada ato

E em seu coração ele sentia

Que do gesto impensado

Não o autor o verdadeiro culpado

Mas o ator

Por haver na arte exagerado

Moveu aquele pobre coitado

Àquele ato de coragem

E, em sua mente, algo aconteceu

Conforme a psicologia

Não um homem havia assassinado

Mas um maldito personagem

***

ESTOU TOTALMENTE DISPONÍVEL A REDIRECIONAR O TEXTO CASO TENHA DITO ALGO QUE NÃO FAÇA SENTIDO DIANTE DA LEI.

taniameneses
Enviado por taniameneses em 18/12/2011
Reeditado em 18/12/2011
Código do texto: T3394974
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