“Verbo Amar”
Quando o verbo me abandonou
Deixou versos tão desusados
Quanto os lençóis da cama vazia
Deixou pratos postos sobre a mesa
Tão quietos no universo inquieto
Desse apartamento frio
Onde lentamente morria a poesia
E eu brindava com taças de vinho
Sorvendo em goles o sangue
Que dos meus olhos escorria
Hoje, nem verbo, nem verso, nem poesia
Entre paredes que emolduram a ausência
Deixo pichadas as dores
Em cores de profunda melancolia
E beijando as bordas das taças
Que teus lábios beijavam
Vicio-me na solidão que eles me impõem
A lembrar que um dia para mim sorriam
® Varley Farias Rodrigues