Estou só!...
Agora estou só!...
Longe de ti.
Mortos todos os sonhos
De outrora. Acalantos maiores
Dos dias coloridos de ternuras...
Impregnados em nossas almas.
Tão gêmeas,
Tão puras,
Como a lágrima primeira
Rolada em nossas faces!
Agora estou só!...
No vazio imenso dos meus dias,
Sem os primórdios dantes florescidos.
Mortos com a erosão do tempo,
Nada mais vive...
Em meus anseios.
Nada mais vive...
Em meus pensamentos.
Senão, o poderio sufocante,
Da saudade.
Agora estou só!...
Vagando nos caminhos
Dantes percorridos por nós dois.
Quando a vida me sorria
E não me era mal fadada...
Agora estou só!...
Pergunto por ti.
E pergunto o que restou
Dos enlevados sonhos cambiantes.
E o Eco responde pausadamente:
“Para você restou a saudade”.
___ E para ela?
___ Você foi sepultado
No tumulo da Ilusão!...
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Publicado no Jornal O Estado Ilustrado
em 19/10/75.