IDENTIDADE
Hoje o dia amanheceu cheio de nostalgia, nenhum sorriso aconteceu.
Lá fora o céu derrama o seu pranto convertido em pequenas gotículas de lágrimas a banhar o vasto mundo.
Paradoxalmente o meu dia fez-se em noite, ficando frio e cheio de ausência e vontades confusas.
Perco-me no embaraço de pensamentos retidos, afogando-me no rio dos desejos de meu corpo.
Hoje digo ser insensatez. E amanhã! O quê direi a mim?
Com total exatidão não sei mais quem sou, talvez seja por isso que derramo meus versos, cravejando minhas palavras para que se perpetuem neste papel, onde mais tarde ao tatear com minhas mãos já tremulas a pequena gaveta de cabeceira, eu me depare com esse caderno onde compus meus dias, meus amores mais secretos e toda a minha ousadia.
E ao ler recobrarei a lucidez de minha identidade, e saberei que um dia amei, chorei, me decepcionei, mais que jamais deixei de ser uma poetiza.
GEIZA FAVACHO