FUGIT IRREPARABILE TEMPUS
A noite é sombria!
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— Quem bate à porta
Na noite tão fria?
— O nome t'importa?
Vai surgir o dia,
Vem, vem, abre a porta!
Tu não vens à porta?
Qu'importa quem sou?
— Encontro-me morta,
Gemendo de dor.
A vida me corta
Os sonhos, o amor!...
— Já não ouve? Venha!
Eu me chamo tempo!
— Tu trazes a senha?
Eu não quero o vento,
Qu'ao ver-me desdenha
Com fervor, co'intento!
De tão longe eu venho,
E p'ra longe eu vou!
Se queres, eu tenho
A vida, o fulgor
Que nela mantenho!
Se queres?... te dou!
— Oh!eu sei qu'eu morro
N'aurora da vida!
Eu sou um estorvo,
Um'alma perdida!
Eu sou o despojo
D'uma cov'ativa!
— Tu queres a vida?
Os sonhos d'outrora?
Na tua partida,
Sou o ontem e o agora!
Não queres guarida?
Então... vou embora!