RENASCIMENTOS

Tenho , em mim, uma roseira de frutos doces e amaciados

de manhãs inertes - celebrados sem artifícios ou colorações –

poderiam ser encontrados em dias de pouca luz daqueles

esquecidos nos poentes de mármores vazios quase ao desalento

ricos de madeixas escuras e perfumes de cristal,

tão idôneos em sua ligeireza que entre eles se descobre a água

como um metal de cheiro e calor em seu leito de alvorada.

Foram renascimentos e escutas de uma eternidade vazia

quase opaca na retidão de suas fronteiras, muita saída a sal

e nuvens, circunspecta no eixo maciço da navegação

em terra fria – mesuras e ciência do cotidiano – pássaros e

sombras, fusos e rocas de sabedoria quase vergando da alma

a sombra de sua pedra angular de finitude.

Foram nesses estremecimentos de ventos e voltas que estendi

cem contas de fadas e fóruns, uns discursos de meio tempo

regados ao líquido e à nata por ali estremecidos dos corredores

das estrelas e da parcimônia das vantagens do esplendor da vida

a luta da subsistência estiagem verde e marinha em beijos

salinas versos que se criam monásticos elásticos

prenhes do desejo branco da liberdade

quando ainda não havia o tempo, o fio e o medo

só essa valente sina de semáforos e luzes

aspirando o anjo em seu pouso branco

outono dedilha sua ventura na laje e no apego.

Jandira Zanchi
Enviado por Jandira Zanchi em 14/12/2011
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