MADRUGADA

Se o sol viaja,

A noite vem.

Para a quermesse,

Dos pirilampos.

Que vão brilhar...

Pra dona lua festejar.

Na madrugada...

O sonho acorda para escutar:

O som do sapo,

A coaxar sua percussão;

Enquanto o grilo desajeitado,

Arranha o seu violão;

E o pernilongo assanhado,

Tenta afinar uma canção;

Coruja canta, a festejar,

Com o sonho, o dom do olhar;

Partilha o medo, de perder:

O dom, ao ver o sol nascer.

Um cão que uiva;

Um arrepio;

Lembram o sol quando partiu.

Ou talvez seja um lobisomem;

Cochichando pra lembrar...

Que a aurora vai raiar.

E então ataca,

O bicho-homem.

A melodia...

À noite é possível escolher.

Para escrever;

Para cantar;

Para sofrer;

Para chorar.

A madrugada participa,

Com sua cumplicidade;

Na realização dos projetos,

Passíveis de leitura, à luz do luar.

Os segredos...

É possível revelá-los..

Todos, um a um.

No regaço que aconchega:

Os sonhadores...

E os poetas...

Cler Ruwer

Cler Ruwer
Enviado por Cler Ruwer em 13/12/2011
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