MADRUGADA
Se o sol viaja,
A noite vem.
Para a quermesse,
Dos pirilampos.
Que vão brilhar...
Pra dona lua festejar.
Na madrugada...
O sonho acorda para escutar:
O som do sapo,
A coaxar sua percussão;
Enquanto o grilo desajeitado,
Arranha o seu violão;
E o pernilongo assanhado,
Tenta afinar uma canção;
Coruja canta, a festejar,
Com o sonho, o dom do olhar;
Partilha o medo, de perder:
O dom, ao ver o sol nascer.
Um cão que uiva;
Um arrepio;
Lembram o sol quando partiu.
Ou talvez seja um lobisomem;
Cochichando pra lembrar...
Que a aurora vai raiar.
E então ataca,
O bicho-homem.
A melodia...
À noite é possível escolher.
Para escrever;
Para cantar;
Para sofrer;
Para chorar.
A madrugada participa,
Com sua cumplicidade;
Na realização dos projetos,
Passíveis de leitura, à luz do luar.
Os segredos...
É possível revelá-los..
Todos, um a um.
No regaço que aconchega:
Os sonhadores...
E os poetas...
Cler Ruwer