Olhos de devaneio
Junto, ao colo da macieira
Vivendo vidas inteiras
Sonhando acordado
Num único entardecer
À sombra da inocência
Feitora por grandiloqüência
Inscreve-se em tenras cadencias
Na brisa que docemente balança
As folhas amarronzadas em seu ninar
Árvore profícua de Outono
Fronteiriça do saudoso Rio
Fitas, nua e imaculada
Teus secos galhos
Na superfície de brio
Este espetáculo do natural
Só vêem os que têm
Olhos de devaneio, paixão surreal
Pela simplicidade da vida
Pela beleza preterida pelos homens
Amantes de uma vida outra
Vazio de sentidos, preenchida de desamor!