Espanto-me
Espanto-me ao te ver sorrir
Com tanta simplicidade
Com jeito de quem quer fingir
Que a regra da vida é sonhar
Que o amor é navio que viaja
Por tantos lugares
Mas leva consigo a vontade
Tão terna, tão simples vontade
De em porto seguro atracar
Espanto-me ao te ver mentir
Sem prumo, sem dignidade
No afã de querer encobrir
O que se tentou revelar
Que o amor é um rio que navega
Por tantas paisagens
Mas leva consigo a vaidade
Tão longa, soberba vaidade
De um dia tornar-se alto mar
Espanto-me ao te ver partir
Sem rumo, por todos os ares
Sem mesmo tentar descobrir
O que lhe restou do lugar
E assim nosso amor chega ao fim
De sua última tarde
E encerra consigo a saudade
Tão fria, tão franca saudade
E nunca mais regressar...