Qualidade de vida (Ou Diário da loucura quotidiana).

De um sobressalto

Saltava para fora

Da cama, atrasado

E nem enxergava

O Sol que raiava...

O café da manhã

Era um mero ritual

Preparado pela esposa

E ele não percebia as flores

Que desabrocharam no jardim.

Enfrentava o trânsito louco,

Brigando com o semáforo

Digladiando com o tempo

E nem dava acordo

Dos pássaros que cantavam.

Chegou ao trabalho correndo

Para enfrentar o sermão

Humilhante do patrão

Sem notar que as borboletas

Voavam serelepes na casa ao lado.

Digitava uma pilha imensa

De relatórios-formulários

De modelos preconcebidos,

Ignorando a abelha que passava

Por ele em direção à colméia.

Terminava o expediente

E ele com a sensação de dever

Cumprido voltava para casa

De olhos fechados ao Sol

Que morria à sua frente.

E se dizia um indivíduo feliz,

De futuro promissor,

Pois só queria qualidade de vida,

Sem perceber que a natureza

Nos ensina, em detalhes, como tê-la.

(Danclads Lins de Andrade).

Danclads
Enviado por Danclads em 11/12/2011
Reeditado em 06/04/2013
Código do texto: T3384031
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