Praias Cinzentas
Uma brisa gelada desloca as ilusões
Nenhuma esperança trago por dentro
Sem o encanto em volta de mim
Somente roupas pesadas cobrem meu corpo
E, no entanto, estou tão leve de alma
Que nada me afunda nem deixa pegadas
Sem rastros ou lembranças que me alcancem
O passeio é uma ressurreição
Para uma vida sem velhos erros
Por tantos atos impensados...
Sementes de triste poesia
Que me extraíram qualquer desejo de sonhar
Repousa tudo o que fui
Apaga-se aquela estranha magia
Nas praias cinzentas que são cenário presente
Nuvens carregadas de realidade
Derramam lágrimas frias sobre soturno litoral
E ainda assim, as vagas cantam
Alegrando minha passagem por aqui
Porque nunca estive tão bem
As águas turvas abafam antigos gritos
Ninguém consegue ver o incandescente raio
Fio de luz azul suturando meu novo destino
Que começa nas praias cinzentas
E se completará nos seus ternos braços...