ANACROGIA

Duas vidas... Em uma só

Vislumbro uma realidade oculta,

Morro por um ideal futerno

De manhã estou contente

À noite, contrariado, desgastado... transbordante

Uma luz acesa é minha companhia

Uma luz sozinha é solitária

Um apartamento é apertado,

Um apartamento é um doce lar

Talvez

Se quem o habita for realmente dócil.

Mas até a mais sóbria, doce e dócil

E a mais frugal das criaturas

Caem num veneno diário,

Impercebido, não perceptível

Aos olhos do cotidiano

Acomodado, inalterado...

Envergonhada desvergonha,

Fraqueza insolente

Um animal domesticado,

Uma alma sem sentido,

Uma vida descartada,

Um sonho comedido

Um sonho...

Que luta para ser sonho

Numa realidade anacrônica.

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Extraído do livro: BUQUÊ SUBULATA, disponível para download na seção e-livros.