O último crime (derradeiro ato de um assassino)

Uma janela se abre

no alto da torre, a procura do tempo.

E o que se vislumbra

é apenas um horizonte sombrio...

Na torre um homem,

olhar taciturno, espreita o silêncio.

E o som que carrega um grito profano

são gritos humanos no seu pensamento:

- "Que fazes agora, ó homem insano?

Que fazias antes, em tuas primaveras?

No claro do dia posavas de santo

À sombra da noite soltavas as feras!"

O homem vagueia

na sala vazia, perdido no rumo.

No peso dos ombros

o fardo de todos os crimes...

As vozes que gritam

de dia e de noite, nas suas entranhas,

não lhe são estranhas.

São vozes que um dia enterrara profundo:

- "Que dizes agora, ó homem maldito?

Que és nesse instante de escrota miséria?

Em vida tu foste constante perigo

Na morte, aos vermes, serás vil matéria!"

O homem confuso,

olhar taciturno, revolve à janela.

Espreita o horizonte

um pouco menos sombrio...

- E as vozes se calam, no exato instante fatal!

Àquele homem já não existem portas abertas.

Somente uma janela para o crime final...

Caio Vitor Lima
Enviado por Caio Vitor Lima em 11/12/2011
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