O último crime (derradeiro ato de um assassino)
Uma janela se abre
no alto da torre, a procura do tempo.
E o que se vislumbra
é apenas um horizonte sombrio...
Na torre um homem,
olhar taciturno, espreita o silêncio.
E o som que carrega um grito profano
são gritos humanos no seu pensamento:
- "Que fazes agora, ó homem insano?
Que fazias antes, em tuas primaveras?
No claro do dia posavas de santo
À sombra da noite soltavas as feras!"
O homem vagueia
na sala vazia, perdido no rumo.
No peso dos ombros
o fardo de todos os crimes...
As vozes que gritam
de dia e de noite, nas suas entranhas,
não lhe são estranhas.
São vozes que um dia enterrara profundo:
- "Que dizes agora, ó homem maldito?
Que és nesse instante de escrota miséria?
Em vida tu foste constante perigo
Na morte, aos vermes, serás vil matéria!"
O homem confuso,
olhar taciturno, revolve à janela.
Espreita o horizonte
um pouco menos sombrio...
- E as vozes se calam, no exato instante fatal!
Àquele homem já não existem portas abertas.
Somente uma janela para o crime final...