Sonhando-te
Entrego-te ao leito dos meus olhos
Cobrindo-te em lençóis de carícias
Nem a tua ausência que se prolonga
Nos dedos monótonos do tempo
Tampouco os gestos adiados
Dobrados pelas mãos da ansiedade
Levam-te do apelo da minha fantasia
Esta noite encontro-te, amado
Ave canora nas asas da saudade
Nua de enigmas, porta entreaberta
Para a angústia secreta dos desejos
E me vens assim, destino meu plasmado
Onde és a tradução do que de mim não sei
Meus caminhos num ato consentido
Sinalizam-te os passos da ternura
Onde delira a linguagem do imponderável
E me chegas, quando não mais susténs
Os mistérios do sentir que se insinuam
E te despes de quaisquer senões
Das tantas e meias palavras
Que tentam desvendar meu habitar em ti
É no inusitado à beira do meu sonho
Que minhas pálpebras te esboçam
Quando fujo alhures buscando teus olhos
Que um dia ainda me despertarão...
Fernanda Guimarães
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