PARTIDA
Partida
Estou de partida
como sempre estive
Agora
mas que nunca
sinto que vou morrer
O homem que habita em mim
esqueceu o poeta
matou a poesia
A mala vazia de sonhos
é a única dor que não carrego
O bolso cheio de esperança
é a única riqueza que não possuo
As estradas que não tinham fim
acabaram em precipício
Os sinais se apagaram
e os cruzamentos espiam
curiosamente os acidentes
e as mortes
Meus pés se recusam a partir
mas minha cabeça se projeta no mundo
O silencio das palavras
É a única companhia que não me cobra nada
e se eu pudesse
tivesse o poder de decidir
decidiria por ficar