Fernando Pessoa
Pessoa é a encruzilhada.
Caeiro, Reis, Campos e os demais
são seus signos e seus sinais.
Em cada um, ele é vários
desses solitários,
e em cada adventício
há um ponto de interstício
a que convergem todos, e tudo, e nada.
Realidade inventada.
Ou fingida, não importa.
Não há saída. Não há porta.
Condenado ao mesmo aceno
em todos e em cada um,
é remédio amargo e doce veneno
que contém a todos e a nenhum.
Pessoa é síndrome e é tara,
mas terna e
eternamente
fugitivo
vivo:
ora quantidade suficiente para,
ora só princípio ativo.