RUAS DE SENTIMENTOS SÓS

Você anda pelas ruas do mundo

Sempre procurando rumo entre tudo e nada

Mas o riso leve e mais profundo

Perdeu-se no tom da cor que sempre brada

Entre as lágrimas de uma dor vermelha

Como reflexo de um coração que espelha

O vento desconexo do amor que vai...

E seus lentos passos rumo à incerteza

Em cada chuva que na vida cai

Em cada rua que perfaz, ilesa,

Esta lua imensa que do céu se esvai

Deixando a Terra sempre em mais tristeza

Em cada guerra insípida entre o bem e o mal...

Sim, as ruas do mundo são teias de nós

No ardor das veias de um sangue igual

Em cuja âmago brada nossa voz

No tom da vida vaga e mais real

Como se pudesse desatar os nós

Que nos amarram à existência efêmera...

Céus, quantas ruas caberão em nós,

Nos labirintos de nossos sentimentos ?

Quantas ruas nos deixaram sós,

Entre redemoinhos de velozes ventos ?

E quantas ruas comporão nossas revolta

Diante desse mundo injusto, cruel e desigual ?

Quantas ruas nos trarão de volta

Na linha tênue entre o bem e o mal ?

Poucas ruas para tantas dores,

Muitas luas para povos sós,

Quantas ruas perderão as cores ?

Quantas luas caberão em nós ?