INAUGURAL
A insônia acorda todos os silêncios.
Sinos badalam nos olhos a insurgência.
A alma ereta tartamudeia inquietudes.
O hoje é o ontem bocejando a esperança.
O tempo parece não haver nascido antes.
Dentro de mim – por pirraça – o dia
recusa o nascimento.
A única mágica possível é o estar vivo
sob todos poros e esperanças.
Somente a Poesia percebe a insolência
da palavra
e solfeja num sonolento bocejo:
– Festejemos o dia seguinte,
nele está o futuro, de lambuja...
No jardim, levantam-se os girassois
e o sol inaugura a manhã sem alarde
nem bocejos de cansaços.
A insônia acorda todos os silêncios.
– Do livro O AMAR É FÓSFORO, 2012.
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/3374939