ELEGIA

E L E G I A

A noite se foi, a estrela dormiu.

A Lua brilha ainda, embora palidamente.

Das chamas, o calor se extinguiu,

deixando frias cinzas, e cinzas, tão somente.

O chão está úmido do orvalho que caiu;

ao longe um galo canta tristemente.

Um raio de sol o horizonte já tingiu,

para a flor vir beijar ternamente.

Na rua já ecoam alguns passos

de tristes mulheres e homens cansados,

que carregam sonhos e deixam espaços,

vazios espaços de sonhos sufocados.

E assim passam, e todos passam

sem que ninguém veja, na calçada,

o estro que agoniza.

Já se cala o seu cantar

e o seu peito adormece.

Do coração cessa o pulsar;

da lira o verso emudece.

Acabou-se pois, a tortura.

Ao poeta, uma prece;

ao homem, a sepultura.

* * *