Os sonhos migram.

É...

Este é mais uma daquelas breves palavras,

Que morrerão no silêncio,

Sem fazer sentido aos teus ouvidos.

É...

Este sou eu novamente,

Buscando o momento certo,

Para entender o quanto estou errado.

É...

Os instantes não passam de pássaros,

Migrando para o sul,

O céu não é tão azul,

Quanto a minha lembrança.

Estamos no verão,

Mas esta chovendo lá chora,

Mas as crianças brincam felizes,

Enquanto eu me afogo em meus medos.

Mas ao longe me vejo,

Sentado ao banco da praça,

Lendo meu livro...mas ele nunca abava,

Eu o fechava sempre antes de o entender.

Quanto tempo eu deixei de viver?

Vendo a chuva lavando minhas lembranças,

Enquanto eu andava sem rumo pela minha casa,

Ou apenas olhava alguns papéis em branco,

Pensando eu ser aquele vazio.

Ainda está frio, mas é verão,

E as crianças correm descalçar,

Brincam na lama, sorriem sem medo.

Este era meu desejo...desejo?

Ainda não sei como termina aquela história que eu lia,

Porque chovia, e eu tive medo de saber,

Eu corria sem rumo, e me escondia debaixo da cama,

Eu queria ser a lama, brincando com os meus pés.

Mas sou inconstante demais para saber sorrir,

Ou me divertir vendo as mesmas coisas engraçadas,

Ou contar piadas, que as pessoas gostem.

Não...

Eu prefiro ver a chuva lavando a alma pura das crianças,

E procurar um sentido para o vazio do meu peito,

As vezes choro, choro como a chuva que lava o mundo,

Choro como se ainda tivesse lembranças para sorrir,

Ou um motivo justo para brincar na lama.

Mas acho que envelheci demais enquanto era jovem,

E deixei de correr descalço, de sujar meus pés,

E desprender de meus pequenos lábios

Imensos e radiantes sorrisos.

Deveria ter sorrido mais,

E escrito mais, sobre qualquer coisa,

Sobre a chuva, as folhas em branco,

A lama, a felicidade das crianças,

Sobre o que eu precisava para aprender a sonhar.

Tenho medo de não mais saber sorrir,

E tenho medo de dormir antes da hora,

Tenho medo da solidão, e do vazio que me acompanha,

Queria ver se meus olhos brilham.

Alguém me falou que tinha visto meus olhos brilharem,

E em silêncio chorei de felicidade,

Sempre quiz ver o brilho deles, para sentir-me mais humano.

Mas a frente do espelhos só vejo sombras,

Que me distanciam de mim,

Queria saber como são meus lábios,

E o movimento que eles fazem quando sorrio.

A noite tenho medo de não sonhar,

Mas busco conforto no brilho da lembrança dos teus olhos,

Eles me lembram os meus,

Quando ainda eram vivos como uma tarde de primavera.

Queria aprender a fugir do vazio,

E parar de me prender ao silêncio das folhas em branco,

Ou também da janela desfocada com minha respiração,

Revelando o muro que me separa da minha felicidade.

Queria poder correr na chuva,

Dormir na grama. observar as estrelas,

Sentir a chuva envolvendo meu corpo,

E poder sentir meus olhos brilhando,

Queria dormir cantando, envolto pela felicidade que deixei partir.

DjavamRTrindade
Enviado por DjavamRTrindade em 05/12/2011
Código do texto: T3373330
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