Ode ao lirismo puro do adeus

Sopra o lirismo de cadela.

Lirismo de burro. Lirismo desmagnetizado

Com seu poema de arado

Deslumbrado.

De rizoma apodrecido o ego

Fornece paranóicos divinos, equivocados

Entre latidos dos poltrões edulcorados.

Prontos para encontrar púrpura

Em dejetos cheios de reclames

Ganem para quem os ame.

Poemas para gostar de si

Como eczema na verdade.

Poema irrecuperável, bruto.

Na covardia cega, semigótica.

Será ainda poetar de feira

Buscando como mendigo

Estropiado migalhas de elogios

Retardados, semifigurados.

Esplendidos tolos da espiritualidade!

Respeitem o extravio das neuróticas carências.

Como material polido. É o infantilismo tardio.

Pois o inferno é melhor do que o teu pranto.

O espelho é melhor do que teu sonho.

A tua ira? Escultura vazia.

De pura emoção insuprimível

... Uma doença da romã

Uma doença do jardim

De magismo pobre, miserável.

Guardas afagos da tolice mugida

Ó mula empedernida covardemente reunida

Em milhos de sabugos velhos

Que tomas como espigas.

Ricas, mal amadas, iludidas.

Dou-te vida selenita e basta

A semipoética vencida.

(Poema Pós-tradicionalista. Publicado No Recanto das Letras e no Sarau)

Tércio Ricardo Kneip
Enviado por Tércio Ricardo Kneip em 04/12/2011
Código do texto: T3371209
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