Ode ao lirismo puro do adeus
Sopra o lirismo de cadela.
Lirismo de burro. Lirismo desmagnetizado
Com seu poema de arado
Deslumbrado.
De rizoma apodrecido o ego
Fornece paranóicos divinos, equivocados
Entre latidos dos poltrões edulcorados.
Prontos para encontrar púrpura
Em dejetos cheios de reclames
Ganem para quem os ame.
Poemas para gostar de si
Como eczema na verdade.
Poema irrecuperável, bruto.
Na covardia cega, semigótica.
Será ainda poetar de feira
Buscando como mendigo
Estropiado migalhas de elogios
Retardados, semifigurados.
Esplendidos tolos da espiritualidade!
Respeitem o extravio das neuróticas carências.
Como material polido. É o infantilismo tardio.
Pois o inferno é melhor do que o teu pranto.
O espelho é melhor do que teu sonho.
A tua ira? Escultura vazia.
De pura emoção insuprimível
... Uma doença da romã
Uma doença do jardim
De magismo pobre, miserável.
Guardas afagos da tolice mugida
Ó mula empedernida covardemente reunida
Em milhos de sabugos velhos
Que tomas como espigas.
Ricas, mal amadas, iludidas.
Dou-te vida selenita e basta
A semipoética vencida.
(Poema Pós-tradicionalista. Publicado No Recanto das Letras e no Sarau)