O MEU FUTURO
O MEU FUTURO
Meti-me num barco
Com rumo a um futuro,
Provavelmente, incerto
Porque ainda cheguei
Tantos são os escolhos da jornada
O barco tinha um rombo
Mesmo no meio dos miolos
Ou do casco,
Não tenho bem a certeza,
O que não admira…
Só via nevoeiro…
Ou seria areia
Que me mandaram
Para os olhos?
Sei que o barco não rumava
Eu não passava da areia
E a lua, que devia ser cheia,
Crendo no calendário,
Apenas lá não estava
Ou seria eu que não a via
Com tanto nevoeiro?
E o timoneiro,
Onde estava o timoneiro,
Que me devia levar ao futuro?
Desertou?
Perdeu-se no fumo?
Enganou-se no rumo?
Emperrou?
Dialogou
Tanto, tanto
Que se engasgou
E entrou em pranto
E o navio encalhou…
Pareceu-me ver um Capitão,
Por entre o nevoeiro,
Segredando para o lugar-tenente:
Isto agora vai em frente
Ninguém se mete c’oa gente
Daqui para a frente
Vamos falar verdade ao utente
Começo a ficar farto desta rima
Eu quero ir para o futuro…
Foi esse o bilhete que venderam,
Ou terei comprado à pressa?
A porcaria do barco não arrima
Que raio de sina a minha
Porque é que não fui com a minha vizinha
Que foi a salto para a lua
E desaguou em Marte
Eu vou acabar na Morte
Batendo com os cornos
Nalgum muro
E nunca chegarei a ver o futuro
Que sempre me prometeram
Grandioso e forte…
Não me mintam mais
Tirem-me deste barco
Deixem-me ir a nado
Que chego mais depressa
Sei que o meu futuro
Não será o que eu quiser
Mas deixem que seja apenas
O que tiver de ser…
Nem que seja nos poemas…
Nos poemas que ninguém ler…