FAZENDO (de) CONTAS
FAZENDO (de) CONTAS
Pétala a pétala
Desfolho o espinho
Do meu poema
Que pode ser um carinho
E pode ser um dilema...
Mas quando se solta a pena
Há que resolver o problema
A caneta já não pára
Parte, avara,
À procura da rima que não vem
Às vezes não convém
Deixar a caneta à solta
Às vezes revolta
Não a poder controlar
Perdem-se todas as pétalas da rosa
Cavam-se todas as rugas do rosto
Chega até a ficar vaidosa
A maldosa da caneta
Mas não domina o poeta
Deitei fora a caneta
Apanhei uma a uma
Cada pétala da flor
Juntei uma a uma
Cada rima que caíu no chão
Ergui o poema que morria
De forma sistemática
Mandei fora a matemática
E a soma estava ali
Naquele amor que me sorria
Na minha poesia