SEM RÉDEAS
SEM RÉDEAS
Tenho pena
De não saber
Onde nasce o meu poema...
Um simples mote
Me fascina
Há um raio qualquer
Que me ilumina
E não consigo apagar!
O meu cavalo
Não conhece o trote...
Sangue puro,
Força nobre e bruta,
Transporta na garupa
Um vendaval de ideias
A galope...
Onde começa a estrada
Que me percorre as veias?
Cavalgo sempre sem freio
Sem rede,
Sem rédeas,
Dilatam-se as narinas
No torpel do pensamento
Crispam-se as rugas...
São impossíveis as fugas...
Não há médias
No acto louco de escrever
Solta-se o navio
A todo o pano
Não me chega o rio
Não me basta o mar
Se existe o oceano
Só lá vou navegar!
Será legítimo perguntar
Onde nasce o meu poema?
Onde morre o que escrevo
Nos meus versos?
Não sejam perversos...
Será útil
Saber se nos enganam
Ou nos enganamos?
Não faço planos
Serei o que tiver de ser
Nem melhor, nem pior...
Quero lá saber dos anos
Que não sinto...
Dos tempos que não viver...
Pena tenho
Dos quadros que não pinto
Das canções que não canto
Dos palcos que não piso
Do amor que não há
Quando preciso
E ás vezes preciso tanto...
Quantas vezes as lágrimas
Afagam o meu espanto
E não me sinto melhor?
Quantas vezes eu
Sou só suor
E não me canso...
De viver!