Víboras Ignotas!

Juro que adoraria poder explicar

O que acontece quando as vejo passar.

Conquanto minuciosamente não posso falar

Sinto-me impelido a pelo menos tentar.

O primeiro sintoma é feito ave de rapina olhar

O segundo sintoma é reparar no jeito de andar

O terceiro sintoma é se contorcer num esgar.

O quarto é sentir o coração querendo pela boca saltar

O quinto é surpreender-me a cara a estapear.

Deve ser o sentimento equivalente

Ao do playboy que vê vitrine da Hollister

Ao do skatista que vê uma calçada plana e lisa

Ao do político que recebe uma promessa de voto

Ao do advogado que vê sua causa sendo ganha

Deve ser o sentimento equivalente

[Deve sim!

Com o porém excruciante de não haver

Conquista, vitória, vento no rosto;

Além - também - do desconhecimento pleno

Das presas que fazem minhas presas

Escorrerem abundante e quente veneno.

02/12/2011 - 17h17m (Ponto de ônibus do Conjunto Nacional)

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 02/12/2011
Reeditado em 02/12/2011
Código do texto: T3368836
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