VINHO DE TÂMARAS
VINHO DE TÂMARAS
Deito-me nú na areia deserta...
A existência vai-se habituando
A não me aborrecer...
Vai aprendendo que não vale a pena
Ser mais teimosa que eu...
O Sol vermelho alaranjado
Vai aquecendo o ambiente
Enquanto tento adormecer
O alucinado consciente
Os olhos fechados
Projectam na tela interior
A obsessiva imagem do teu corpo
Coberto de tâmaras!
Tâmaras?
-"Doces tâmaras que as areias do sul beijaram."
Não conheço esta voz
A ressoar dentro de mim...
Tâmaras a cantar...
O suor a estalar as têmporas...
Acordo siderado
A areia continua deserta
O sol desmaia
No horizonte... sózinho
Eu sorvo
O mar de solidão
Em que me envolvo
E recordo apenas
Um fragmento do meu sonho...
Bebo-te... no aroma do meu vinho!