Acordando
Recordei como começou meu dia.
Acordei.
Abri os olhos.
Estava deitado na calçada.
Levantei.
Percebi, estranhamente, ao meu lado um corpo quieto.
Parado
Adormecido.
Tentei acordá-lo.
Tentei mover o corpo com as mãos.
Não senti o corpo com o tato.
Não se moveu.
Não acordou.
Não abriu os olhos.
Não levantou.
Imaginei ser aquele amigo algum companheiro de cachaça.
Companheiro de uma noite de excesso etílico,
de bebedeira.
Alguém que tivesse se entregado à cachaça e à calçada como eu.
Imaginei apenas que o amigo deitado não tinha acordado dado nosso excesso anterior.
Que daquela bebedeira dita homérica tivesse resultado uma ressaca de matar.
Não imaginei que a epopéia do dia anterior desse como fruto, o fim.
O fim para o qual viemos.
Para o qual vivemos.
O fim que temos certo ao nascermos
O fim para o qual nascemos.
Para o qual morremos.
Para o qual nascemos.
Renascemos.