INSÔNIA E DOR
Eu sou aquela semente
Que as mãos do onipotente
Lançou ao solo da vida
Sem sentir o mínimo gosto
Cresci triste e absorta
Qual um barco a deriva
Cinjo as ondas da incerteza
contemplando a natureza
Que finjo,me encantar
Nunca gostei do arrebol
Também não suporto o sol
Quando vem me despertar
A serenata dos galos
Me irrita igual os carros
Que passam na minha rua
Minhas noites são bisonhas
Se estou nos braços da insônia
Eu desprezo até a lua
Parece um disco sem graça
Pendurada numa praça
Escura e sem ilusões
Não se afina aos meus lamentos
Não me entende o sofrimento
Machuca o meu coração
A noite nunca termina
É um poema sem rima
Sem encanto,e sem ternura
O zumbido da cabeça
Vira minha alma do avesso
Sou um fantasma no escuro
Minhas noites são deste jeito
Na bagunça de um leito
Que mais parece um sudário
A guardar no seu jazigo
Uma mente apodrecida
De um ser imaginário!